domingo, 5 de outubro de 2014

A Cabeça Bem-Feita - Edgar Morin

Certo de que vivemos em meio ao fogo cruzado de duas correntes culturais completamente dissociadas uma da outra – a científica e a humanista –, convencido da necessidade de uma reforma do pensamento e, portanto de uma reforma do ensino, o filósofo e sociólogo francês Edgar Morin traz aos leitores este “manual para alunos, professores e cidadãos”, no qual defende um ensino capaz de transmitir não o mero saber, mas uma cultura unificada “que permita compreender a nossa condição e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre”.
Em A cabeça bem-feita, Morin afirma que o conhecimento pertinente é aquele que é capaz de situar qualquer informação em seu contexto e, se...
possível, no conjunto em que está inscrita: “Uma inteligência incapaz de perceber o contexto e o complexo planetário fica cega, inconsciente e irresponsável.” 
O autor aponta para os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber provocados pelo especialização e pela multidisciplinaridade das ciências e afirma que “a aptidão para contextualizar e integrar é uma qualidade fundamental da mente humana, que precisa ser desenvolvida e não atrofiada”.
“O enfraquecimento de uma percepção global leva ao enfraquecimento do senso de responsabilidade – cada um tende a ser responsável apenas por sua tarefa especializada – bem como ao enfraquecimento da solidariedade – ninguém mais preserva o seu elo orgânico com a cidade e seus concidadãos. (...) A continuação do processo técnico-científico atual – processo cego, aliás, que escapa à consciência e à vontade dos próprios cientistas – leva a uma grande regressão da democracia.”
Neste livro, Morin demonstra como o ensino poderia servir à solução dos problemas mais prementes da humanidade e como a solução desses problemas e sua submissão às finalidades devem levar, necessariamente, à reforma do pensamento e das instituições: “A educação pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas.”
Tradução Eloá Jacobina
Sobre o autor
Edgar Morin nasceu em paris em 1921. É um dos intelectuais mais destacados da atualidade, devido, sobretudo, a seu empenho em articular, a partir de um pensamento complexo, natureza, mente e sociedade. Vive na França, onde é Diretor Emérito do CNRS, Centro Nacional da Pesquisa Científica, do qual participa ativamente. Entre suas atividades e conferências mais recentes na França estão: Sorbonne, École des Hautes Études en Sciences Sociales, Maison del Amérique Latine, Conservatório des Arts et Métiers, debates e conferências no Salão do Livro de Paris, e entrega do Prêmio Le Monde Educação onde é jurado permanente (as melhores teses do ano são editadas na coleção Partager Les Savoirs sob a coordenação de Edgar Morin).



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